quinta-feira, 17 de novembro de 2016

27. Inteligência Artificial – Anjos ou Demônios




A amizade improvável entre o nosso amigo robô e o acaso havia acontecido. Os dois estavam conversando sem parar, tudo graças ao planejamento hierárquico. Agora, cada rede hierárquica de tarefas tinha um ou mais refinamentos possíveis em cada sequência de ações. E os refinamentos possibilitaram que o robô desenvolvesse um conceito chamado AÇÃO DE ALTO NÍVEL. Essas ações e seus refinamentos fizeram o robô aprender a melhor forma de fazer as coisas. Quanto tempo nós perdemos brigando, pensou o robô!




Essa amizade não foi possível antes porque quando o planejamento passava pela mão do acaso, todas as ações deveriam encontrar o resultado. Com o planejamento hierárquico os conjuntos de implementações possíveis resultantes de cada ação primitiva podiam encontrar resultados diferentes. O retorno para a casa estava acontecendo como o robô havia planejado. Já era possível avistar a pista de pouso no horizonte quando o acaso faz um desabafo ao amigo.




— Eu estava trabalhando em uma empresa grande de pneus — declarou o acaso. — Eles precisavam de mim em todos os projetos. Enquanto eles tentavam desenvolver um material que resistisse completamente ao asfalto, eu era tratado como um rei. Esse relacionamento já durava anos. De repente chegou uma nova máquina na empresa. E isso mudou tudo. A máquina dizia que nenhum pneu necessitaria resistir completamente ao asfalto. A borracha do pneu deveria agora se unir ao asfalto com a menor área de contato possível. Uma atitude inovadora e inesperada. E não precisaram mais de mim!




Nosso amigo robô sentiu um frio na parte metálica da barriga. Ele percebeu, através da história do acaso, que seu planejamento tinha um problema. O que ele faria se seu planejamento tivesse inúmeras ações primitivas possíveis?
O robô percebe que quando derivamos um plano de alto nível que atinja seu objetivo em um planejamento hierárquico, trabalhando em um espaço de busca limitado, podemos refinar cada passo sem comprometer o resultado final. Era o REFINAMENTO DESCENDENTE. E esse era o conceito que havia despedido o acaso da fábrica de pneus!




Nosso amigo cibernético então combina o seguinte: quando um adversário ocasionar uma mudança em seu planejamento, sua ação será um NÃO DETERMINISMO DEMONÍACO. Se ele mesmo fizer as mudanças, a ação será chamada de NÃO DETERMINISMO ANGÉLICO. Assim, dado um estado qualquer em uma ação de alto nível, sempre haverá um CONJUNTO ALCANÇÁVEL onde pelo menos um elemento de escolha alcançará o sucesso. Um sucesso angelical!




Os conjuntos alcançáveis, comprometidos com o êxito do planejamento, poderiam ser constantemente refinados sem perdas. E quando os conjuntos alcançáveis se tornaram generalizáveis, o robô não precisou mais imaginar se um estado era alcançável ou não. Ele passou a determinar custos diferentes para classificar a eficiência de cada solução encontrada. Se um estado fosse inalcançável seu custo seria infinito. Era hora de voltar para a casa. Nosso amigo robô se despede do acaso feliz com a nova amizade, mas com um pressentimento ruim. Será que o acaso seria seu amigo de verdade?




Nosso amigo robô finalmente chega a sua casa. Ele para em frente a sua porta e percebe que ela esta aberta! Ele entra devagar, tenta acender as luzes, mas nada acontece. Algo estava errado. O robô entra em pânico. Não eram seus móveis. Não era mais sua casa. Nem seus pais estavam mais lá. Só podia ser culpa do acaso. Ele sabia! Nosso amigo agora estava sozinho, no escuro, em um ambiente desconhecido, esperando desesperado que o acaso novamente o conduzisse em um mundo real.


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