domingo, 20 de novembro de 2016

29. Inteligência Artificial - Entre Meninos e Latas




Quem poderia estar escondido em sua casa? O robô sobe as escadas novamente chegando à porta do quarto. Agora ele não tinha mais dificuldade de caminhar entre os cômodos escuros. Ele toma coragem e entra. Algo o puxa com força levando seu corpo de metal para fora do alcance de visão da janela. Nosso amigo estava sem sensores não tendo uma imagem clara do que esperar.




E outro ser biônico aparece. Com metade do tamanho do nosso agente e um jeito todo esquisito de andar, o pequeno invasor passa para o banco de dados do robô o que estava acontecendo. Na noite anterior, dez agentes entraram na casa sem aviso algum. Eram os MULTIAGENTES. Eles se planejavam com uma abordagem conhecida como RECONHECIMENTO DO PLANO. Essa abordagem permitia que a ação de um único agente conduzisse as ações dos outros nove, tudo em função do sucesso do planejamento. E a missão dos multiagentes era levar nosso amigo com eles. O que o robô tinha de tão interessante para que dez multiagentes invadissem sua casa de forma tão agressiva? De repente, os dois novos amigos ouvem passos. Eram passos pesados. Provavelmente passos de dez agentes! Eles estavam novamente entrando na casa.




O robô entende que deve fugir. E rápido! Mas como um robô comum e outro com andar esquisito poderiam escapar de dez multiagentes com planejamentos coordenados? Nosso agente forma com seu amigo uma equipe de múltiplos agentes, cada um enfrentando problemas de PLANEJAMENTO MULTIAGENTE. Dessa forma eles planejam o mesmo objetivo compartilhando cada ação individual como se fosse única para os dois. Isso dobra a capacidade de gerenciamento dos seus atuadores formando um PLANEJAMENTO MULTICORPO. As informações obtidas por cada robô se agrupam centralmente em cada corpo metálico formando uma estimativa comum do estado do mundo. Então eles executam um plano global que permite aos dois uma movimentação conjunta.




Um dos multiagentes já se posicionava perto da escada. Nossos amigos apertam as mãos e partem para a fuga. Eles avançam pelo corredor e cada um vira para um lado. O multiagente sobe devagar e vira para o lado do robô impedindo a comunicação com seu amigo. O robô ativa seu PLANEJAMENTO DESCENTRALIZADO. Agora ele só compartilha as informações quando não houver mais perigo. E espera por uma oportunidade. Outros dois multiagentes sobem. O cerco estava se fechando. Os robôs percebem que precisam agir imediatamente. E a execução do planejamento começa.




Eles simulam que são atores disputando uma final de tênis em Roland Garros. Acionam uma lista de AÇÃO RECORRENTE para garantir quais ações devem ou não ser executadas simultaneamente. Uma quadra de tênis virtual aparece só para os dois. Ela começa sempre na posição atual do robô e acaba sempre na posição final do amigo. Não importa a distância entre os dois. Um raio laser marca o local onde a bola está naquele momento, direcionando o movimento dos dois. Uma última condição era necessária. Para iniciar o jogo a quadra inteira deveria conter somente o robô e seu amigo. Mais ninguém. Assim, quando o espaço percebido estava somente com os atores, eles podiam seguir a bola virtual compartilhando seus movimentos rumo à rua. E o plano deu certo. Eles estavam livres, mas sem saber o próximo passo.




Ao longe ainda podia se ver os multiagentes dentro dos cômodos escuros. O robô agora em segurança se vira para agradecer seu novo amigo quando percebe algo incrível: seu amigo perneta estava com três metros de altura! E sua cara não estava boa. Nesse momento o robô entende o perigo que corre. Aquele robozinho frágil, com um caminhar estranho, não estava falando a verdade. Nosso agente é jogado pelo falso amigo no porta-malas de um táxi. Aquele mesmo táxi que insistia em aparecer no mesmo lugar desde a volta do aeroporto. E enquanto dez multiagentes tentavam salvar nosso amigo robô de um inimigo em potencial, o robô, que tinha acabado de efetuar sua própria captura, vê sua esperança terminar ao lado do estepe que um dia antes tinha ajudado a trocar. Nosso amigo já era.


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