segunda-feira, 28 de novembro de 2016
31. Inteligência Artificial - Harvy
O taxista havia se afastado de tudo e de todos, dirigindo há pelo menos três horas com nosso amigo sacolejando no porta-malas. Ainda confuso com tantos estados diferentes, o robô não sabia se deveria torcer para o taxista parar. Poderia estar mais seguro lá dentro. Enfim o carro para. O taxista desce, fecha a porta do táxi e se afasta. O robô percebe a amplitude dos seus passos diminuindo até sumir de vez. Nesse momento o porta-malas se abre e o robô se vê em um galpão enorme, cheio de obstáculos e objetos diferentes. Onde ele estava? O que queriam com um simples robô adolescente?
Ele percorre o galpão devagar para não perder nenhum detalhe e não entende o que vê! O lugar era uma mistura de campo de treinamento militar com a casa dos sonhos. Tinha uma cozinha completa, uma sala enorme, vários quartos, banheiros e ao mesmo tempo pedras, buracos, rampas, muros. Nosso amigo caminha até o meio do galpão, dá um giro de 360° e para de uma forma estranha.
Sem tempo a perder, ele estabelece um planejamento. Agora ele possui uma tecnologia baseada em conhecimento que une em cada representação a uma sintaxe, a semântica e as provas em lógica proposicional de primeira ordem. E isso lhe dá uma capacidade incrível de interpretação. O robô distingue os eventos, sincroniza-os com o tempo e adapta tudo aos estados de crenças possíveis. Ele esta organizando e reunindo não somente os dados de todas as ações, mas também os mais diferentes domínios da representação do conhecimento utilizados na criação de cada estratégia. Ele é um ENGENHEIRO ONTOLÓGICO.
O robô passa a reconhecer primeiro todas as televisões do lugar, para só depois se preocupar com as diferenças entre elas. Uma engenharia orientada a objetos. E o mundo iria reconhecer essa nova habilidade com o nome de JAVA. Nosso amigo estava unificando várias áreas distintas do conhecimento. Isso nunca havia acontecido antes. Ele começa a organizar os objetos em categorias. E as categorias podem classificar as bases de conhecimento por herança! Dê o nome de alimento a uma categoria, por exemplo. Se afirmarmos que uma maçã é uma subclasse de frutas, e frutas é uma subclasse de alimentos, a maçã herda a propriedade de ser comestível.
Coisas incríveis estavam acontecendo. Ele olha com seu atuador óptico para os cômodos distribuídos pelo lugar e entende que alguns objetos podiam estar sempre perto de outros. Um nariz sempre estava perto de uma boca. Uma geladeira sempre estava perto de uma tomada. E isso não é tudo. Ele classifica as diferenças entre homens e mulheres, machos e fêmeas, animais e vegetais. Estabelece categorias e subclasses para anos, meses, dias, horas, minutos e segundos. Representa cada objeto do galpão através dos seus pesos e suas medidas. E entende que os eventos ou tem uma estrutura discreta, como os frames de um filme, por exemplo, ou tem estrutura líquida, como a lua caindo constantemente sobre a Terra. E passa a duplicar a velocidade de seu planejamento executando varias categorias simultaneamente. Todas essas novas ideias pareciam percorrer uma espiral. Aonde ela convergiria?
Algo chama a atenção do nosso amigo. Ele percebe que um objeto não se enquadra como uma subclasse. Era um envelope colocado em um lugar improvável. Seu banco de dados nunca tinha visto um. Ele segue desconfiado até o objeto e com cuidado retira uma carta. Nela estava escrito “Bom dia! Olhe para o espelho à direita e dê bom dia ao Harvy”. Quem era Harvy? O robô vira seu rosto de lata e vê seu reflexo no espelho. E a mágica acontece. Ele era Harvy! Imediatamente nosso amigo passa a organizar as ações experimentadas ao longo de toda a sua vida em subclasses de uma categoria excepcional. E dá o nome a essa categoria de MENTE DE HARVY...
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