domingo, 11 de dezembro de 2016

37. Inteligência Artificial – Um Novo Cérebro






Se você estivesse preso a uma ilha qualquer, bem no meio do nada, o que você faria? Harvy estava confuso. Sua passagem para a liberdade era na verdade um ingresso para uma nova prisão. Uma prisão sem muros, grades ou paredes de metal. Harvy olha em sua volta e não encontra uma saída. Então ele senta embaixo de alguns coqueiros com a esperança de que uma resposta qualquer pudesse cair do céu, igual uma maçã fez uma vez.




A noite chega expondo um céu espetacular. Em suas últimas férias o robô esteve no espaço observando os mais incríveis mistérios da humanidade. E com a sensação de que dessa vez suas férias não acabariam tão cedo, Harvy olha para cima em busca de alguma coisa que lhe traga esperança. Uma única nuvem se arrasta pelo céu, observada por milhares de estrelas curiosas. Mas e a Lua? Segundo a análise de Harvy, ela deveria estar ali. E como mágica ela aparece deixando a nuvem bem mais solitária. Ele paralisa seus sensores ópticos como se estivesse fazendo uma grande descoberta.




Ao olhar para a Lua cheia que fugia da pequena nuvem, o robô não a vê como um satélite natural da Terra! Ele olha para cima e entende que a Lua é uma esfera. E esse fato deixaria de ser obvio quando associado à pergunta, “Por que uma esfera?”. A esfera foi a opção encontrada por Deus em sua criação. O sol era uma esfera. Os planetas eram uma esfera. E os milhares de pontinhos brancos que andavam devagar pelo céu também eram esferas. Uma coisa estava clara. A esfera foi à opção escolhida. Mas por quem? Quem havia criado tudo isso?




Antes Harvy não estava preocupado com a existência de um criador. Ele somente observava os mistérios já criados. Mas agora tinha todo o tempo do mundo para começar um planejamento que respondesse qualquer pergunta inventada por sua curiosidade. E ele dá o primeiro passo. Sozinho em uma pequena ilha deserta, sem a menor perspectiva de algum salvamento e com todo o tempo do mundo para desenvolver o que quiser, Harvy inicia um planejamento para ampliar, potencializar e reestruturar sua rede neural artificial.




Ele começa analisando a hipótese de que a atividade mental nada mais é do que uma rede de células que interagem com estímulos eletroquímicos. Os seus neurônios. E os neurônios dão origem a uma nova categoria capaz de interatuar com todos os tipos de ações diferentes. Primeiro Harvy percebe as ações por certas LIGAÇÕES DE ENTRADA. Depois ele soma todas as ações percebidas através de uma FUNÇÃO DE ENTRADA. E joga o resultado em uma FUNÇÃO DE ATIVAÇÃO que sempre gera uma resposta dependente dos pesos maiores ou menores estabelecidos pela importância de cada ação percebida. Caracterizado um neurônio, e como consequência, seu conjunto em rede, Harvy parte para uma análise de sua estrutura.




Sozinho em uma ilha deserta, o robô estava entrando em um estado meditativo que procurava entender melhor o funcionamento do seu cérebro, para começar a evoluir sua capacidade de percepção sobre as coisas do mundo. E enquanto nosso amigo executava seu planejamento, uma pergunta começava a ganhar importância sobre as demais. Por que a imensa maioria das pessoas não está nem um pouco interessada na maneira como funciona seu próprio cérebro?


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