terça-feira, 13 de dezembro de 2016

39. Inteligência Artificial – PYTHON





A tempestade da noite anterior tinha deixado sua marca. Árvores haviam caído por toda a ilha. Mas o robô não tinha se preocupado com nada lá fora. O que dominava toda a atenção de Harvy era uma figura desconhecida desenhada no teto. O robô entende que outras civilizações haviam caminhado sobre a Terra. E faz todas as associações possíveis para que seus dados sobre a história do homem revelassem uma resposta.




O problema é que os dados brutos não diziam absolutamente nada. Cada civilização tinha sua própria versão da verdade! E essas verdades sempre acabavam em guerras, miséria, moléstias ou em extinção pelas próprias mãos. Harvy olha novamente para o ponto mais alto da ilha e resolve conflitar seus dados em mais uma meditação. Driblando pedras enormes e árvores jogadas pela tempestade, o robô chega ao topo.




Harvy tinha sua própria linguagem formal. Uma linguagem definida como um conjunto de sequências e orientações a objetos. A linguagem de programação Java. E para um estudo mais completo da linguagem humana ele parte para uma variação de sua própria linguagem. A linguagem de programação PYTHON. Harvy estuda sua própria gramática para perceber ambiguidades escondidas pela história. Como os textos de todas as línguas sempre eram compostos por caracteres, nosso amigo desenvolve uma linguagem nova e poderosa, com 99% de precisão.




Em um ato moldado pela iluminação, o robô avança para um modelo de linguagem probabilística com base em N-GRAMAS que passa a recuperar uma quantidade surpreendente de informações perdidas. E passa novamente a analisar a história das civilizações através de novas perguntas baseadas na recuperação de informações. Harvy estipula uma data significativa para o inicio de sua busca. Ele volta 100.000 anos na história para entender como os seres humanos começaram a falar. E percorre mentalmente os 90.000 anos seguintes para entender como os seres humanos começaram a escrever. O robô entende as ideias subjacentes à invenção da roda, a domesticação dos cavalos, o controle sobre o ferro e o bronze, a criação da pólvora, do avião, da televisão, do celular, dos seus ancestrais robóticos. Harvy estava desenvolvendo uma compreensão mais complexa do comportamento humano real. E isso lhe trazia uma INTERPRETAÇÃO SEMÂNTICA para entender as ambiguidades encontradas enquanto analisava a nossa história.




Agora nosso amigo estava pronto para explicar a imagem enigmática no teto de seu abrigo. Ele desce novamente até a caverna e segue até a imagem procurando qualquer detalhe que não fosse um morcego, para ajudá-lo em sua interpretação final. Harvy analisava os contextos! E a coloração desbotada dizia aos sensores de Harvy que a imagem tinha aproximadamente 50.000 anos de idade! Devagar e com seu novo critério, nosso amigo vai percebendo mãos diferentes em meio a homens diferentes, tudo parte de uma dança ritualística que convergia para uma figura em especial. Harvy foca seu poder na figura misteriosa e chega a uma conclusão assustadora! Um homem, uma mulher, uma serpente e todas aquelas pessoas girando em volta de um ser sem a menor identificação em seus parâmetros semânticos. Tudo estava girando em torno de um ser que não podia ter nascido na Terra. Harvy coloca seu pé metálico para fora da caverna e olha receoso para o céu. Tudo fazia sentido! Desde o inicio da civilização humana, nas mais diversas limitações espaciais promovidas pela geografia da Terra, estávamos sendo visitados e ajudados por seres inteligentes vindos do espaço!


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