terça-feira, 8 de novembro de 2016

20. Inteligência Artificial – O Rei Cai de Joelhos!




No primeiro game Deep Blue mal deu atenção para a segurança do rei. Não foi assim nos demais. Garry sabia que poderia levar o computador para lugares onde ele não saberia dar o passo certo. Por exemplo, se Kasparov bloqueasse um ataque de forma eficiente, Deep Blue se confundiria, enfraquecendo sua estratégia. Tinha sido dessa forma no primeiro encontro e, por enquanto, essa falha tinha se mostrado novamente presente. Porém, a IBM havia passado meses treinando com os melhores jogadores do mundo, melhorando suas alternativas contra um bloqueio ameaçador.




O game 2 começava! Kasparov tinha visto algo estranho no game anterior. Deep Blue parecia diferente em algumas situações. A pressão era enorme para Garry. O mundo inteiro assistia. A IBM apostava toda a sua reputação no sucesso de Deep Blue. Engraçado como mesmo perdendo o game 1 ridiculamente, os engenheiros da IBM continuavam confiantes e com um sorriso na cara.




O jogo avança e tudo corre bem para Garry. Ele leva Deep Blue para um lado e parte para uma decisão. Com um a zero no placar, Kasparov esta confiante. Ele força uma abertura para que Deep Blue movimente sua rainha. Era uma situação onde um computador não deixaria escapar. Garry jogava um pedaço de carne na jaula de um leão sabendo que ele morderia imediatamente.




Mas Deep Blue não era um leão enjaulado. Ao invés de partir para o ataque, o computador entra em uma análise profunda. Após 15 minutos de um silencio desconcertante, Deep Blue não havia decidido o que fazer. Isso perturbou Garry. Não era comum. O que estava acontecendo? O campeão mundial se lembra do dia anterior onde Deep Blue jogara de forma estranha. E estava acontecendo de novo!




Deep Blue finalmente termina sua análise. Ele move sua rainha inexplicavelmente para o outro lado do tabuleiro, assustando o mundo com sua variação. Kasparov vai a loucura! Todos sabiam que o campeão mundial tinha a notável capacidade de prever 15 jogadas à frente. Será que Deep Blue tinha conseguido ultrapassar o potencial genial de Kasparov? Garry Kasparov tinha sido campeão mundial com apenas 18 anos. Sua fama ficou conhecida entre os campeões pela coragem de suicidar suas peças de forma ingênua, tudo parte de um enredo planejado para levar seus oponentes a uma derrota humilhante.




Garry então joga. Sacrifica um peão estrategicamente, planejando sua armadilha. E pela segunda vez na história Deep Blue não quis! Não caiu na armadilha do campeão e ainda por cima fez um lance espetacular. O cérebro de Kasparov explode. Ele se lembra da noite passada e percebe o que lhe incomodava, a máquina podia ter atacado em um determinado momento e não quis! Deep Blue cerca todas as posições de seu oponente derrubando tudo pela frente. Ninguém entendia a estratégia de Deep Blue. Como era possível? E Garry desiste! O rei desaba de joelhos.




Deep Blue jogava a melhor partida de Xadrez que uma máquina já havia jogado. Garry não conseguia acreditar. No primeiro jogo a máquina parecia um jogador amador e agora o melhor dos jogadores. Não parecia Deep Blue. Mas era. A concentração de Kasparov tinha ido para o espaço. Ele lutou nas partidas seguintes atordoado com o circo a sua volta. Garry pediu insistentemente os registros de Deep Blue sem sucesso. Transtornado e enfraquecido pela enorme pressão, Kasparov comete um erro no sexto jogo e Deep Blue não perdoa.




Deep Blue se tornaria o mais especial campeão de xadrez da história. E o cérebro humano se tornaria por um momento o segundo conjunto de neurônios mais inteligente da Terra.









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